A militante da causa animal teve uma vida bem diferente da atual. Se hoje ela quase não sai da cidade por conta dos animais que defende, o passado foi bem diferente. Funcionária de importantes companhias aéreas, Mariangela teve a oportunidade de conhecer todas as capitais brasileiras no tempo em que trabalhou de aeromoça. Ela perdeu a conta de quantos voos fez na vida, mas lembra que a profissão era bem glamorosa e que as aeromoças se hospedavam nos principais hotéis do país.

Natural de Guaíra, ela sempre foi menina levada. Subia em árvores, pegava fruta no pé, tirava leite das vacas, brincava com os cabritos, andava de carinho de rolimã, mas nunca fez feio na escola. Sempre foi uma das primeiras alunas. Filha de uma dona de casa e pai pedreiro, ela se mudou com a família para Brasília, quando na ocasião o seu pai ajudou construir as moradias na nova capital do país. Posteriormente a família se mudou para São Paulo em busca de condições melhores e Mariangela ingressou como funcionária em diversas companhias áreas como a antiga VASP. Na capital do estado, ela casou e teve dois filhos. Já seus pais, após a aposentadoria do chefe da família, regressaram à Guaíra a fim de viverem novamente na tranquilidade do interior. Passado um tempo, Mariangela divorciou-se e veio morar em Bebedouro. Embora seus pais morassem em Guaíra, foi na cidade coração que ela resolveu fazer morada, já que vivia o seu irmão e sempre que ela vinha visitar os pais, parava para ver o irmão e deslumbrava a beleza de Bebedouro.

A vida no interior trouxe novos trabalhos. Foi promotora de vendas do Plaza Shopping, secretária executiva de uma grande empresa na cidade, mas precisou parar para o tratamento de um câncer. Posteriormente, recebeu um convite para trabalhar como recepcionista do gabinete do então prefeito Davi Peres Aguiar. E foi lá que ela conheceu uma outra realidade. Acostumada com o lado chique da vida, na prefeitura pôde conhecer a realidade da maioria da população. Teve contato com a promoção social e conheceu a Dona Zuleika – a mulher responsável por mudar radicalmente a sua vida.

Mariangela se tornou uma protetora de animais e passou por outras administrações municipais. Ao ser demitida e ver sua casa se transformar em um refúgio para aqueles que não tinham onde levar os animais maltratados e abandonados, ela deu a volta por cima e criou a ONG Dona Zuleika, que fez importantes parcerias com o hospital veterinário da UNESP. Chegou a cuidar de 150 cães e 150 gatos na sua própria casa e para cobrar políticas públicas para causa animal lançou seu nome à vereança e se consagrou ao se tornar a mulher mais votada da história de Bebedouro (2017-2020). O recorde foi pouco e ela surpreendeu a todos ao retornar ao Legislativo não apenas como a mulher mais votada, mas como a vereadora mais votada da história de Bebedouro com 1808 votos (2021-2024).