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23 de março de 2021

Maria de Lourdes Figueiredo


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Com escrita glamorosa, pianista de mão cheia e católica fervorosa, Maria de Lourdes Figueiredo foi a primeira vereadora por Bebedouro. Nasceu em uma fazenda no então município Patrocínio do Sapucaí, hoje, Patrocínio Paulista. Da infância gostava de lembrar quando acompanhava o pai na garupa do cavalo para rebanhar o gado no pasto e trazê-lo para o curral.

Veio a Bebedouro com o esposo Paulo Figueiredo ao comprar um laticínio. Conhecida na cidade por rezar o terço na Rádio Bebedouro e pelo coração caridoso. Foi ministra da eucaristia e tocava músicas solenes no piano e chamava os padres para cantar.  Era uma mulher de uma família muito rica, mas que  perdeu tudo e não se deixou abater. Com espírito guerreiro passou a vender joias de porta em porta e reergueu o seu patrimônio.

A sua entrada na vida pública foi registrada em seu livro Mensagens de Amor, publicado aos 76 anos:

“Numa manhã primaveril balsamizada pelo perfume dos roseirais em flor, recebi a visita de três pessoas ilustres: Sr. Salvador de Rosis, Sr. Hameleto Stamato e Dr. Aquino. Prosinha vai, prosinha vem, o Sr. Salvador abriu o diálogo: D. M. de L., nós viemos convidá-la para ser nossa vereadora pelo PSP. Eu fiquei perplexa sem saber o que responder. Como posso aceitar se não tenho conhecimento de política? Sr. Salvador respondeu: Eu fui vereador muitos anos e vou ensiná-la! Carinhosamente me explicou todos os detalhes e disse que me presentearia com o livro da Lei Orgânica do município. Um pedido de três grandes amigos eu não posso recusar, mas existe um senão: sou casada, qual será a atitude do meu esposo? Eles responderam: Ele consentiu, depende da senhora. Eu prontamente aceitei.

O PSP perdeu fragorosamente! Eu fui eleita suplente. Uma tarde, Vanor Junqueira Franco, excelente vereador, foi em casa muito alegre e disse-me: D.ML, o Quito Stamato está muito doente e pediu exoneração do cargo de vereador, o presidente Agoncilo Caldeira mandou convoca-la para tomar posse terça-feira, às 8 horas da noite.

Que felicidade imensa eu senti em presentear Bebedouro com um pouco do meu trabalho, esforço, dedicação. Bebedouro era uma cidade pobre, desprovida de infraestrutura, luz, água, asfalto. Dr. Pedro apresentava seus projetos atacando os pontos fracos. Trabalhamos com amor! As reuniões eram pesadas, nunca terminavam antes da meia noite e no fim do ano para aprovar o orçamento trabalhávamos até duas horas da madrugada”.

Paulo e Maria de Lourdes Figueiredo não tiveram filhos e na década de noventa mudaram-se para Franca a fim de ficarem mais perto da família e ter uma velhice bem amparada. Por sua atuação, Maria de Lourdes Figueiredo foi homenageada com o título de cidadã bebedourense em 1979. Seu nome foi eternizado ao batizar uma rua no Jardim Alvorada.



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