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13 de julho de 2017

Ritos de Passagem


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José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo e cidadão bebedourense

A criança não é da União, nem do Estado. A criança é do município. Entretanto, a divisão de atribuições na Rede Pública da Educação confere prioritariamente à cidade o ensino fundamental e ao Estado-Membro o Ensino Médio. Isso faz com que haja migração do alunado que termina o Ensino Fundamental nas escolas municipais e tenha acesso ao Ensino Médio Estadual.

 Pode ser que haja estranhamento na troca de sistemas. Pensando nisso, Bebedouro começou a realizar encontros entre gestores das duas redes, para planejar e promover o que é denominado “Rito de Passagem”. O objetivo é facilitar a transição para que ela ocorra sem traumas. Desenvolve-se um programa com ações como projetos, oficinas, produções e outras atividades curriculares, com apresentação de instrumentos avaliativos, mapeamento da aprendizagem e encaminhamento de dados. Confere-se especial atenção aos alunos com deficiência ou dificuldade de aprendizagem. E agendam-se visitas dos alunos que serão recebidos no ano seguinte, pela escola de destino. Assim conhecem o espaço físico, os diferentes ambientes educativos, os recursos pedagógicos, professores e demais funcionários. O acolhimento dos alunos que receberão a nova leva de estudantes é fundamental para que o projeto seja exitoso. Boa experiência que ocorre na Diretoria de Ensino de Jaboticabal.

Nessa Diretoria também se concretiza uma parceria com municípios em torno da organização de Redes de Proteção à Criança e ao Adolescente. A Rede Protetiva executa articulação entre vários aparelhos da sociedade civil, garantidores dos direitos dos estudantes em vulnerabilidade. Dela participam integrantes do Poder Judiciário, Ministério Público, Saúde e Educação, com singular atuação do Núcleo Pedagógico, Professores Mediadores, Grêmios Estudantis, Secretarias Municipais de Educação, Conselho Tutelar, Assistência Social e Polícia Militar.

 Enfatiza-se a filosofia da mudança da cultura da punição para a da responsabilização. Para lidar com a violência, não é preciso ser violento. Revisitam-se os conceitos com vistas a um novo olhar, rumo à construção da conscientização comunitária.

 Outra interessante parceria se estabeleceu com a Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária da UNESP em Jaboticabal. Em 2016, tiveram lugar quatro projetos: Alfabetização Estatística, sob a coordenação da Professora Amanda Liz Pacífico Manfrim Perticarri e realizado com os alunos dos nonos anos da EE Aurélio Arrobas Martins. O tema “Pirâmide Alimentar” foi encarado de forma interdisciplinar, para abordar conteúdos de estatística descritiva. Obteve-se ganho significativo no aprendizado do cálculo de soma, média, máximo, mínimo, moda, mediana e percentagem.

 Outro projeto foi a Formação de Professores em História e Filosofia da Biologia, coordenado pela Profa. Thais Gimenez da Silva Augusto. Foram quatro encontros cuja temática abordou “A História da Pesquisa sobre Doenças Infecciosas”, “História das ideias sobre a evolução dos seres vivos”, “A História do DNA como a molécula da hereditariedade” e a “História das Pesquisas sobre Circulação Sanguínea”. A estratégia de ensino foi a problematização com aulas expositivo-dialogadas, além da exibição de trechos de filmes, jogo sobre o tema e teatro. A metodologia adotada foi considerada instigante pelo alunado.

 A Professora Ana Paula Leivar Brancaleoni desenvolveu o programa “Formação de Educadores para a atuação em educação sexual e promoção do respeito à diversidade sexual e de gênero no cotidiano escolar”. Foi demanda da própria escola, com atividades em grupos em frequência semanal e média de dez encontros. Promoveu-se discussão para ampliar espaços de sensibilização, reflexão, clarificação de sentimentos e possível mudança de atitude no sentido da vivência e compreensão da sexualidade de forma mais integrada e segura. Promoveu-se o sentido de respeito à diversidade sexual e de gênero. Em oficinas de formação procurar-se-á, em 2017, favorecer o preparo de multiplicadores.

  Também se levou a cabo um conjunto de ações colaborativas entre a escola pública e a Universidade, como subsídio à produção de material pedagógico e a formação inicial de professores. Coube à Professora Rosemary Rodrigues de Oliveira implementar o uso criativo e mais crítico de modalidades didáticas tais como jogos, brincadeiras, desafios, problematizações, uso de vídeos, desenhos animados, histórias em quadrinho, debates, trabalhos em grupo, experimentação, aulas de campo, dramatizações, construção de modelos, oficinas, uso de softwares educacionais, construção de blogs de ciências, leitura e interpretação de textos de divulgação científica e outros não didáticos, assim como o aperfeiçoamento do domínio da língua portuguesa, sob a forma escrita e oral. Propiciou-se a reflexão sobre a prática pedagógica e as estratégias de ensino, envolvendo o ambiente escolar com informações e novas experiências, viabilizando vivências práticas com singular ressignificação.

 Em 2017 propôs-se a inclusão tecnológica aos alunos do Ensino Médio através o software R, o ensino de genética : elaboração e análise de sequências didáticas baseadas em História e Filosofia da Ciência, Educação Ambiental e Educação Inclusiva: formação de professores e construção de práticas educativas de maneira colaborativa, discussão sobre segurança e soberania alimentar e o cultivo de hábitos alimentares saudáveis, subsídios à produção de material pedagógico e formação inicial de professores e formação de educadores para atuação em educação sexual e promoção do respeito à diversidade sexual e de gênero no cotidiano escolar.

  Além da busca ativa do aluno ausente, a Diretoria de Ensino de Jaboticabal acompanha pedagogicamente cada aluno de suas unidades escolares, com aprimoramento do planejamento escolar, efetiva aplicação do currículo oficial, avanço na aprendizagem dos alunos e melhoria do fluxo escolar, com sensível redução dos índices de evasão e retenção.

  É com trabalho incessante e fundado em evidências científicas que se avança na continuidade do grande projeto de conferir cada vez maior qualidade à educação pública paulista.



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