17 de fevereiro de 2011

Câmara concede moção aos bebedourenses que trabalharam no resgate às vítimas do RJ

Confira, na íntegra, a moção de aplausos assinada por todos os vereadores ao integrante da Defesa Civil de Bebedouro, Luiz Antonio Luciano da Silva, e ao cabo da Polícia Militar, José Vicente da Silva

“Considerando que chega a quase 30 mil o número de desabrigados e desalojados nas cidades da Região Serrana do Rio de Janeiro atingidas pelas chuvas ocorridas no último dia 11 de janeiro. Segundo um relatório atual da Coordenação da Defesa Civil Estadual, são 8.814 desabrigados e 20.996 desalojados, chegando a um total de 29.810 pessoas. De acordo com as prefeituras das cidades atingidas, o número de corpos resgatados chega a 845. Pelos últimos levantamentos dos municípios, ao todo são 405 em Nova Friburgo, 344 em Teresópolis, 67 em Petrópolis, 22 em Sumidouro, 6 em São José do Vale do Rio Preto e 1 em Bom Jardim, onde podemos perceber a extensão da tragédia;

Considerando que as tragédias associadas a fenômenos naturais é que elas são previsíveis e evitáveis. Basta comparar as mortes no Rio e na Austrália. Mas o pior é que, como são resultado da ação humana e quando decorrem dos erros de políticas públicas, elas, frequentemente, se repetem em escala ampliada. Mitigar os efeitos dos eventos naturais extremos previsíveis é parte de sistemas eficientes de prevenção de desastres. Deve-se partir do princípio de que a natureza seguirá seu curso e, se contrariamos esse curso, pagamos o preço. Muitas vezes com a vida das pessoas surpreendidas pela falta de ação pública, prevenção e informações sobre riscos em suas regiões. No caso da região serrana do Rio de Janeiro até o alerta meteorológico estava errado;

Considerando que a tragédia a qual nos referimos, no seu significado prático, é acontecimento que desperta lástima ou horror; ocorrência funesta; sinistro. Então somos levados a refletir sobre falhas das autoridades públicas competentes, principalmente as relacionadas com a falta de planejamento no desenvolvimento de áreas urbanas, onde legislações de zoneamento e ocupação de solo são desrespeitadas. São fatos que criam certa revolta e se mistura com outros sentimentos (surpresa, impotência e compaixão para com as vítimas e seus familiares). Trata de uma situação complicada para se aceitar e entender e, para tanto, temos o exemplo da situação de emergência que vivemos no nosso município em fevereiro de 2006 e que, com proporção infinitamente inferior a tantas outras ocorridas (tsunamis/terremotos/nevascas/erupções vulcânicas e outros), até hoje nos marca com tristes lembranças;

Considerando que nestes momentos mais difíceis, felizmente, a solidariedade humana predomina, pois ainda somos capazes de nos imaginar na condição das vítimas e, mesmo que de forma indireta, reconhecer o sofrimento por que passam. Isso nos faz perceber nossa fragilidade se não nos mantermos unidos, pois o que seria das vítimas de um determinado evento sem essa solidariedade, seja com as doações materiais e/ou com o doar-se dos voluntários. No último dia 18 de janeiro dois bebedourenses ligados a órgãos de segurança da população, um responsável pelo setor operacional da Defesa Civil de Bebedouro (Luiz Antonio Luciano da Silva) e o Cabo da Polícia Militar (José Vicente da Silva), também a serviço da Defesa Civil de Bebedouro, embarcaram para o Rio de Janeiro, onde passaram a integrar as equipes de salvamento e resgate da região serrana de Teresópolis. Isso concomitantemente a outras ações que mobilizaram a sociedade bebedourense, com iniciativas como, por exemplo, a “Campanha Solidária” e a de órgãos privados e da Prefeitura (Guarda Civil Municipal, Defesa Civil de Bebedouro e outros), que, em parceria pelas Polícias Civil e Militar e o Tiro de Guerra, organizaram e arrecadaram toneladas de doações já transportadas à região atingida;

Considerando que, em razão da experiência por ocasião da tragédia em Santa Catarina em 2008, Luciano foi convocado pelo Comandante da Defesa Civil e Secretário de Meio Ambiente de Teresópolis. Já o Cabo Vicente, que estava gozando suas merecidas férias, foi liberado pelo Comando da 3ª Cia. da Polícia Militar e também pela Polícia Militar do Interior. Em comum entre eles, além da vontade de servir e dar o melhor de si, o sentimento gratificante em poder participar e tentar amenizar o sofrimento da população envolvida. Retornaram no último dia 29 porque tinham de cumprir o agendamento da passagem aérea comprada na ida e, o Cabo Vicente especificamente, em razão do fim das suas férias e a necessidade de se reapresentar ao comando da PM;

Considerando que o Chefe das Operações da Defesa Civil de Teresópolis parabenizou Bebedouro por possuir duas pessoas especialistas em salvamento e resgate e dispostas a todo tipo de trabalho exigido pela situação, assim os definindo: “São duas pessoas que trabalham como se fossem um batalhão”;

Considerando, enfim, que a atitude desses dois bebedourenses nos comove e nos enche de esperanças, pois dão o bom exemplo de que unidos somos mais fortes e justificam o texto do editorial de um jornal local, onde destaca que o patrimônio mais caro que essa cidade tem é o seu povo. Povo que serve para algo mais do que votar e que vai além das urnas. Povo que ama e que se dá em favor de quem nem conhece, quando a causa é justa.

SOLICITAMOS à Mesa, após ouvir o Douto Plenário, nas formas regimentais, que dê ciência a Luiz Antonio Luciano da Silva (Defesa Civil) e José Vicente da Silva (Cabo da Polícia Militar), da MOÇÃO DE APLAUSOS pela forma aguerrida com que se envolveram na tragédia da região serrana do Rio de Janeiro, mais especificamente no município de Teresópolis, para onde embarcaram e integraram as equipes de salvamento e resgate.”