Quem passa pela Avenida Sérgio Sessa Stamato (Avenida do Lago) ou pelas avenidas Donina Valladão Furquim e Maria Dias logo se surpreende com a imagem de um senhor de boné, todo enlameado, retirando sujeiras de toda espécie do lago artificial de Bebedouro, em especial os aguapés que insistem em se reproduzir ali e de forma muito rápida, transformando as suas águas em um imenso tapete verde.
Trata-se do servidor público municipal Aparecido José Borba, de 67 anos, que há 32 anos trabalha na Prefeitura de Bebedouro como motorista, transportando estudantes, e que resolveu abrir mão do seu tempo ocioso na Garagem Municipal, já que as férias escolares o impedem de trabalhar, para fazer uma boa ação: contribuir com a limpeza do lago artificial, um dos cartões postais da cidade.
O funcionário público foi descoberto ou "surpreendido" pela vereadora Sebastiana Camargo fazendo a boa ação, a qual decidiu tornar pública a iniciativa de Borba se comprometendo a propor uma moção de aplausos na Câmara Municipal. Borba, que adora pescar, deu início a este trabalho às vésperas do Natal e pretende dar sequencia a esta empreitada até o fim das férias escolares na rede municipal, ou seja, até o início de fevereiro, deixando de lado o "conforto" da Garagem Municipal neste período de pouco trabalho por lá.
No ano passado, em julho, Borba já havia participado de um mutirão feito por funcionários da Prefeitura para retirar os aguapés do lago, mas depois disso o trabalho não teve sequência e a planta voltou a se alastrar rapidamente. Naquela época, houve uma ordem dos diretores para a execução do serviço, mas agora não, a iniciativa foi voluntária e isolada.
O motorista disse que foi liberado pela direção da Garagem Municipal e que adora fazer este trabalho. Ele comentou ainda que o lago está feio e que o seu grande desafio é deixá-lo limpo até o final das férias escolares. Humilde e bastante simples em suas respostas, disse que não tem nenhuma reivindicação a fazer aos seus chefes nem quanto a colocar mais funcionários para ajudá-lo nem a pagamentos extras.
Sem equipamentos de segurança, como roupas apropriadas e utensílios contra atolamentos no barro, por exemplo, e até exames que atestem a sua saúde e o nível de microorganismos nocivos contidos na água e no solo do lago artificial, ele foi categórico: "Tem que pedir proteção a Deus porque a meninada nada aqui e nunca pegou doença nenhuma, agora, será que eu trabalhando vou pegar?"
Borba ressaltou não ver a hora de poder apreciar o lago com todas as suas obras concluídas de verdade, com suas águas límpidas sem qualquer tipo de material poluidor, como latinhas de bebidas, garrafas pet, sacolas plásticas, óleo de oficinas mecânicas, e totalmente povoado por peixes. "Vai ficar muito bonito, né?", disse o pescador e funcionário público municipal, que já retirou aguapés de uma das margens do lago e nas proximidades da comporta.